terça-feira, 27 de novembro de 2007

The Hearts of Age (Orson Welles)


Hoje tive o imenso prazer de assistir ao primeiro filme de um dos meus cinestas favoritos: Orson Welles. Não, não me refiro ao extraordinário Cidadão Kane(1941), o primeiro longa do diretor-ator, mas a The Hearts of Age, de sete anos antes, um curta-metragem em 16 mm de pouco mais de oito minutos, um tanto quanto bobo e ingênuo, evidentemente amador, produto "caseiro", rodado em sua casa numa tarde de domingo, durante um festival de Teatro no verão de 1934, quando Welles contava com dezenove anos de idade. O pequeno filme foi co-dirigido por Welles e seu amigo William Vance, que atuam no filme ao lado da namorada de Orson na época, Virginia Nicolson. Consta que Vance filmou grande parte das cenas, "improvisações inventadas por Welles depois de algumas doses de bebida", e sob a influência de Un Chien Andalou, de Buñuel e Dali, e do Sangue de Um Poeta, de Jean Cocteau, que Orson detestava e que aqui satirizava. Durante muito tempo esse filminho esteve à disposição apenas nos Arquivos da Biblioteca do Congresso Americano em Washington, D.C., e agora com a internet, finalmente pode estar ao acesso de qualquer espectador. Claro que o curta em si não tem nada demais, sendo mais uma curiosidade para os fãs de Orson Welles e de cinéfilos em geral. Essa cópia foi sonorizada recentemente com uma trilha sonora de Larry Marotta, levando em conta que trata-se de um filme sem diálogos.

Acima está o video tirado do youtube com o pequeno curta do consagrado cineasta americano. Mas para quem quiser fazer download deste e de outras obras de artistas famosos da Arte Contemporânea, não pode deixar de conferir um dos melhores (senão o melhor) site sobre raridades cinematográficas: o UBUWEB. Aqui encontra-se uma lista imensa de cineastas famosos (muitos deles desconhecidos até mesmo pelos cinéfilos mais atentos), com preciocidades invulgares. É só entrar na página, e navegar pelos nomes e obras à disposição, com direito a download fácil e rápido. Aproveite!

sábado, 17 de novembro de 2007

FESTIVAL JODOROWSKY: CCBB RIO DE JANEIRO


Finalmente depois de um tempão este vagabundo que vos escreve atualiza esse vergonhosamente mais do que desatualizado blog, desta vez com uma das mais úteis das postagens, principalmente para que mora no Rio de Janeiro, ou para quem pelo menos estiver por lá nos próximos dias. Trata-se de um festival dedicado ao cultuado cineasta chileno Alejandro Jodorowsky (tema de um dos textos anteriores do blog), que inclusive estará presente em carne-e-osso na cidade carioca, onde sua obra e sua persona será o tema de um festival no CCBB que exibirá todos os seus longas-metragens. Mas não apenas o seu cinema será atração nesses dias. Levando em conta que Jodorowsky é um multimídia por excelência, o festival vai destacar o seu trabalho nas outras áreas em que também se consagrou, como autor de histórias em quadrinhos e as suas atividades com o tarô, com o qual seguidamente se apresenta em sessões pelo mundo que arrastam milhares de apaixonados e seguidores.

Terça, 20/11
17h
A Gravata (Alejandro Jodorowsky, 1957, cor, 35 mm, 21 minutos, 14 anos)

Primeiro filme de Jodorowsky, um pequeno curta sem diálogos realizado em sua estada na França, adaptado de um conto de Thomas Mann sobre uma jovem que vende cabeças. O talento do cineasta se mostra em estado embrionário, sendo este curta-metragem hoje em dia exclusivamente endereçado aos admiradores do diretor chileno.
Fando e Lis (Alejandro Jodorowsky, 1968, p&b, 35 mm, 93 min, 18 anos)
O primeiro filme relevante do cineasta, já estabelecido no México, adaptado de uma bizarra história de amor louco e inatingível criada por Fernando Arrabal em torno de um impotente Fando guiando sua namorada paralítica numa cadeira de rodas em direção à cidade encantada de Tar, em busca do êxtase espiritual. A viagem interior dos personagens representa o que desde então seria a quintessência do cinema de Jodorowsky, fruto da época da contracultura. O filme mais poético do diretor, o mais triste e belo, mas ainda assim grotesco e feio, como todos os que o cineasta fez. Basta dizer que na sua primeira exibição na Cidade do México, os espectadores enfurecidos interromperam a sessão, e o filme foi banido do país durante anos.
19h - A montanha sagrada (Alejandro Jodorowsky, 1973, cor, 113 minutos, 18 anos)
Talvez a obra-prima do diretor, o mais delirante e poderoso de seus filmes, o que carrega as imagens mais desafiadoras de sua filmografia, o mais labiríntico e errático de todos. Uma perturbadora e ininterrupta sucessão de bizarrices protagonizada por Jesus Cristo, militares, sapos e lagartos, bezerros crucificados, alquimistas, extraterrestres, etc. Escândalo e sensação no Festival de Cannes em 1973, é um filme fadado a surpreender sempre, nessa ou em qualquer outra geração.

Quarta, 21/11
15h - Constelação Jodorowsky (Louis Mouchet, 1994, cor, 91 min, 12 anos)


Documentário que acompanha os longas do diretor na caixa de dvds de Jodorowsky lançada no exterior, foi realizado a partir de uma série de entrevistas com Fernando Arrabal, Peter Gabriel, Marcel Marceau, Jean Giraud e com o próprio cineasta. Completo, abrangente e essencial para se conhecer a fundo o artista chileno.
17h - Filmes da Meia-Noite: da margem ao mainstream (Stuart Samuels, 2005, cor, 86 min, 18 anos)
Mais um documentário, dessa vez ilustrando o fenômeno que marcou os Estados Unidos na década de setenta: os Filmes da Meia-Noite, produções malditas, obscuras e ousadas que não tinham espaço nas salas de cinemas “normais”. Esses filmes ajudaram a redefinir o cinema porque ousavam fugir do convencional, abordando temas e estilos deixados de lado e
de um modo que jamais seriam realizados no cinema tradicional da época. Jodorowsky foi o inaugurador do estilo com “El Topo”, o primeiro sucesso das tais Sessões da Meia-Noite. Além de “El Topo”, o documentário concentra-se em outros cinco longas que marcaram aquela era: A Noite dos Mortos Vivos (George Romero), Pink Flamingos (John Waters), The Harder They Come (Perry Henzell), Eraserhead (David Lynch) e The Rocky Horror Picture Show (Jim Sharman),este último o que teve o maior sucesso popular e o que mais teve o seu nome associado ao movimento.
19h: El Topo (Alejandro Jodorowsky, 1970, cor, 35 mm, 120 min, 18 anos).
Disputa com A Montanha Sagrada o posto de obra máxima da filmografia do diretor. Faroeste mais surrealista já visto em celulóide, com altas conotações metafísicas, espirituais e simbólicas, é uma intensa alegoria em torno de um pistoleiro que vaga pelo deserto do Oeste em busca de constantes desafios duelando com os mais diversos Mestres para se tornar o gatilho mais rápido do lugar, o que acaba gerando outra das mais alegóricas viagens interiores do cinema de Jodorowsky. Era o filme preferido de John Lennon, que comprou seus direitos de exibição, além de ter financiado o filme seguinte de Jodorowsky, A Montanha Sagrada.

Quinta 22/11
15h: Constelação Jodorowsky (Louis Mouchet, 1994, cor, DVD, 91 min, 12 anos).
17h - El Topo (Alejandro Jodorowsky, 1970, cor, 35 mm, 120 min, 18 anos)
19h - Debate com Estevão Garcia, Hernani Heffner e Pedro Camargo.

Sexta 23/11
15h: O ladrão do arco-íris (Alejandro Jodorowsky, 1990, cor, Beta, 87 min, 16 anos)

O último filme que Jodorowsky dirigiu, foi um grande fracasso e definitivamente é uma obra menor em sua filmografia, não obstante ser estrelada por astros do quilate de Peter O’Toole e Omar Shariff. Uma rara produção do diretor a ter nomes consagrados em seu elenco, o que pode ter causado ainda maior decepção, mas não é tão ruim como se imagina. Dois marginais vivem nos esgotos, debaixo dos chãos da cidade, e buscam alcançar o pote mágico do final do arco-íris.

17h - Cabezas Cortadas (Glauber Rocha, 1970, cor, 95 min, 16 anos)
Pode causar estranheza esse filme do brasileiro Glauber Rocha estar incluído no Festival sobre Alejandro Jodorowsky. A explicação é simples: o cinema de Glauber foi um dos que mais inspirou a obra fílmica de Jodorowsky, e o próprio Cabezas Cortadas em sua concepção delirante e surreal é um dos filmes de Glauber que mais se assemelha ao universo do diretor chileno. Não é dos melhores filmes de Glauber Rocha, mas vale o ingresso.
19h - A montanha sagrada (Alejandro Jodorowsky, 1973, cor, 35 mm, 113 min, 18 anos)

Sábado, 24/11
19h - Echek (Adan Jodorowsky, 2000, p&b, 4 min, 12 anos)

Pequeno curta do filho de Jodorowsky, sobre um homem que para impressionar sua amada tenta mostrar sua força derrubando a Torre Eiffel. Mas para isso ele tem que enfrentar a fúria desesperada de toda a população, que tenta impedi-lo a todo custo.

Santa Sangre (Alejandro Jodorowsky, 1989, cor, 35 mm, 116 min, 18 anos)

A última obra-prima do diretor, um dos grandes filmes de sua carreira, sobre um psicopata que foge do manicômio e inicia uma sangrenta onda de vingança pelos traumas que sofrera na infância, marcada pela amputação dos braços da mãe pelo próprio pai, fanático religioso e adorador da seita da "Santa Sangre". Um dos mais doentios e delirantes trabalhos do cineasta, visivelmente influenciado pelo clássico “Psicose”, de Alfred Hitchcock.

Domingo, 25/11
17h - El Topo (Alejandro Jodorowsky, 1970, cor, 35 mm, 120 min, 18 anos)
19h
A Gravata (Alejandro Jodorowsky, 1957, cor, 35 mm, 21 minutos, 14 anos
Fando e Lis (Alejandro Jodorowsky, 1968, p&b, 35 mm, 93 min, 18 anos)

Segunda, 26/11
20h Noite de autógrafos, seguida de coquetel.
Na ocasião ocorrerá o lançamento nacional de “Antes do Incal - 2” (Editora Devir)

Terça, 27/11
15h - A montanha sagrada (Alejandro Jodorowsky, 1973, cor, 35 mm, 113 min, 18 anos)
17h - El Topo (Alejandro Jodorowsky, 1970, cor, 35 mm, 120 min, 18 anos)
19h - Conferência de Alejandro Jodorowsky sobre QUADRINHOS

Quarta, 28/11
15h - Filmes da Meia-Noite: da margem ao mainstream (Stuart Samuels, 2005, cor, 86 min, 18 anos)
17h - Echek (Adan Jodorowsky, 2000, p&b, DVD, 4 min, 12 anos)
Santa Sangre (Alejandro Jodorowsky, 1989, cor, 35 mm, 116 min, 18 anos)
19h - Conferência de Alejandro Jodorowsky sobre CINEMA

Quinta, 29/11
15h - Alejandro Jodorowsky: conversações sobre as vias do Tarô (Giuseppe Baresi, 2007, cor, 60 min, 16 anos)

Documentário que registra várias sessões coletivas de Jodorowsky envolvendo o Tarô, além de uma longa entrevista do cineasta sobre sua obra, seu cinema, teatro, quadrinhos e, sobretudo, sobre sua personalidade.
17h - El Topo (Alejandro Jodorowsky, 1970, cor, 35 mm, 113 min, 18 anos)
19h - Encontro e leitura de TARÔ com Alejandro Jodorowsky


Sexta, 30/11
15h - Tusk (Alejandro Jodorowsky, 1980, cor, DVD, 119 min, 14 anos).>
O mais fraco e menos empolgante dos filmes de Jodorowsky, uma decepção completa. Embora a história da amizade entre uma menina e um elefante seja compatível com o estranho universo artístico do cineasta, o filme não engrena em momento algum, e não apresenta a força de seus outros trabalhos.
17h - Echek (Adan Jodorowsky, 2000, p&b, 4 min, 12 anos)
Santa Sangre (Alejandro Jodorowsky, 1989, cor, 35 mm, 116 min, 18 anos)
19h - O ladrão do arco-íris (Alejandro Jodorowsky, 1990, cor, Beta, 87 min, 16 anos)

Sábado, 01/12
15h - Alejandro Jodorowsky: conversações sobre as vias do Tarô (Giuseppe Baresi, 2007, cor, 60 min, 16 anos)
17h - Cabezas Cortadas (Glauber Rocha, 1970, cor, DVD, 95 min, 16 anos)
19h - Filmes da Meia-Noite: da margem ao mainstream (Stuart Samuels, 2005, cor, DVD, 86 min, 18 anos)

Domingo, 02/12
15h - Tusk (Alejandro Jodorowsky, 1980, cor, DVD, 119 min, 14 anos)
17h - Constelação Jodorowsky (Louis Mouchet, 1994, cor, DVD, 91 min, 12 anos)
19h - O ladrão do arco-íris (Alejandro Jodorowsky, 1990, cor, Beta, 87 min, 16 anos).

Movimento Cinema Livre

Movimento Cinema Livre - Orkut

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