sábado, 28 de abril de 2007

Clint Eastwood


Não é que gostamos mais de Clint Eastwood do que dos outros atores. O que acontece é que o conhecemos a bem mais tempo do que o restante dos astros que fulguram no tapete de estrelas da sétima arte. O mais incrível é que sua carreira já teve pelo menos meia dúzia de apogeus. Mais incrível ainda: a maioria desses apogeus foi tão diferentes entre si, que sua trajetória parece inverossímil, como se fossem necessários várias encarnações para conciliar todas elas. Mas Clint Eastwood reuniu tudo isso em “apenas” cinqüenta anos de carreira.
Quem te viu, quem te vê. Quando ingressou no cinema, nos anos 50, conseguiu participar de várias produções da Universal, todas de terceira categoria _ alguns desses filmes B tornariam-se clássicos do cinema fantástico (A Revanche do Monstro e Tarântula, ambos de Jack Arnold) ou sucessos momentâneos como Francis Na Marinha (de uma série protagonizada por um mulo falante!). Trabalhou também em filmes menores estrelados por Rock Hudson, Mauren O’Hara, Ginger Rogers e Teresa Wright e conseguiu um papel maior em Lutando Só Pela Glória, de William Wellman(famoso por ter dirigido o primeiro filme a ganhar o Oscar: Asas). Considerando-se que era pobre e limitadíssimo como ator, até que Clint estava indo muito bem. Mas nada podia prever o quanto ficaria famoso nas décadas seguintes.
Em 1958 conseguiu o papel de caubói no seriado de TV Rashwide, que durou sete anos, seu primeiro contrato estável, e ele teve certeza de que esse era o seu apogeu. Não era (na época era quase impossível um ator fazer sucesso na TV e depois no cinema. A transição é complicadíssima ainda hoje e Clint tinha tudo para tornar-se um dos tantos atores de fama curta em seriados e, estigmatizado, não conseguir mais tocar a carreira). Nos anos 60, num intervalo do seriado, foi escalado para protagonizar na Itália um faroeste obscuro de um diretor não menos obscuro, quase estreante, um projeto que tinha tudo para não dar em nada. Hoje parece fácil, mas realmente naquela época não poderia haver nada menos promissor do que ir para a Itália trabalhar em faroestes! O filme (Por um Punhado de Dólares) foi um sucesso, Clint abandonou seu seriado de TV e fez mais dois faroestes que marcaram época e tornaram-no um astro popular com seu estilo minimalista de “homem sem nome” com poucos diálogos e presença marcante. Clint poderia ter pensado que esse era o seu auge. Mas enganou-se porque depois de voltar para a América e criar sua produtora Malpaso, associando-se com o mestre Donald Siegel, tornando-se um astro de verdade com sucessos como Dirty Harry, que o levaram a ser uma das maiores bilheterias e o maior salário as época. Pôde até se dar ao luxo de diversificar sua carreira nessa obra-prima que é o Estranho Que Nós Amamos (que ainda paira esquecido e solitário em sua filmografia), despontar como um diretor talentoso em filmes tão marcantes quanto diferentes entre si( Perversa Paixão, que inspiraria dezesseis anos depois o abominável Atração Fatal, e O Estranho Sem Nome) e ocupar o espaço de maior caubói do cinema americano que antes era de John Wayne, numa época em que o faroeste estava quase enterrado. Pois Clint Eastwood manteve o gênero vivo por um bom tempo.
Claro que houve alguns tropeços na carreira, como Interlúdio de Amor (em que ele dirigiu William Holden), vários abacaxis (principalmente os protagonizados por orangotango) e a polêmica imagem de direitista e fascistóide de seus filmes policiais em que reagia ao hippismo paz e amor dos anos 60. Mas Clint abafava as criticas com retumbantes sucessos comerciais que o mantiveram no topo da parada e continuou se arriscando com filmes fora de seus padrões que o fez ser aclamado como um verdadeiro autor pelos franceses no Festival de Cannes em 1985. O curioso é que logo depois desse reconhecimento ele fez o pior filme de sua vida, O Destemido Senhor da Guerra (uma bomba ufanista inspirada na invasão americana em Granada), seguido por seu melhor trabalho como diretor até então (Bird), depois por mais uma bomba, e por ai vai... Foi quando, em 1992, realizou Os Imperdoáveis.
Nada indicava a consagração que teria com esse faroeste digno dos maiores clássicos do gênero (talvez o testamento definitivo do mito do western americano). Teve varias indicações para o Oscar, e Clint foi lembrado como melhor ator, diretor e produtor. Perdeu como ator, mas levou as estatuetas de melhor filme e direção, derrotando nomes como Robert Altman e James Ivory. Esse era o seu apogeu. Ou quase. Firme em sua carreira de diretor seguiu alternando sucessos de critica (As Pontes de Madison), de publico (o excelente O Mundo Perfeito, e Cowboys do Espaço) e riscos comerciais (Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal). Pois não é que depois dos setenta anos, quando ninguém esperava que ainda acrescentasse muito a sua filmografia, Clint Eastwood excedeu-se a si mesmo e criou duas obras-primas consecutivas: Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro, cheios de indicações ao Oscar e, contrariando todas as apostas, duas novas estatuetas para Clint por Menina de Ouro, como melhor filme e diretor, dessa vez derrotando Martin Scorcese.
Muitos se apressaram em dizer que agora sim, Clint Eastwood está no auge. È bom não se afobar. O melhor que se pode dizer dele é que, dono de uma longevidade capaz de converter os inimigos mais ferrenhos, ele ainda tem muito gás para seguir em frente. Os recentes A Conquista da Honra e o japonês Caras de Iwo Jima (feitos simultaneamente) são a prova disso. Numa idade em que todos os diretores já se aposentaram ou então estão em franco declínio, Clint é um dos raríssimos nomes a ser uma exceção. Com 77 anos de idade, não é exagero supor que possa trabalhar por pelo menos mais dez ou quinze anos. Sua persona cinematográfica é lendária, e entre os cineastas veteranos em atividade, ele é, de longe, o que atravessa o melhor momento E mesmo que seu próximo filme não agrade totalmente, sempre ficará a expectativa de novas obras inesquecíveis em seu currículo.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

O Estranho Que Nos Amamos





No tempo em que era famoso por seus faroestes e filmes policiais truculentos e reacionários, Clint Eastwood estrelou essa preciosidade que desde sua realização permanece absurdamente desconhecida mesmo para muitos aficionados por filmes antigos. O tempo vem tratando de aos poucos corrigir essa falha dos mecanismos da Sétima Arte e fazer com que mais e mais cinéfilos o descubram e o incluam em sua lista de favoritos da década de 70, mas é um absurdo muito grande que até esse momento não tenha sido sequer lançado em DVD aqui no Brasil. Como pode o melhor filme da carreira de Clint Eastwood ser o mais desconhecido entre todos os que ele participou? Não faz mal. Eu amo filmes obscuros, adoro conhecer pérolas que quase ninguém comenta, e carregá-las na mente como uma jóia rara que é conservada no cofre de um colecionador de esmeraldas.Na linha de Férias de Amor (Picnic), clássico dos anos 50, narra num curto espaço de tempo profundas transformações que um estranho causa na vida de pessoas regradas e ordeiras. Só que os anos 70 permitiram que o filme de Donald Siegel contivesse ousadias que jamais seriam abordadas na época de Picnic, inimagináveis até, o que acaba resultando num impacto muito maior, ainda mais por ambientar o enredo no conflito entre sulistas e nortistas durante a Guerra Civil americana.
O grande achado é que a história transcorre num colégio de moças sulistas que, a principio contrariadas, abrigam um soldado nortista ferido em combate. O estranho, muito simpático, mexe com a cabeça de todas as “indefesas” moradoras do local. Por causa da guerra, ele não via mulheres há muito tempo, enquanto que as jovens, obviamente, não estavam acostumadas com presença masculina. Mesmo com essa leitura dos fatos, o filme consegue, com sua incrível sutileza, escapar de qualquer tipo de exagero que se possa imaginar, ao mesmo tempo em que é seriíssimo e sem concessões. Um enredo desses bem que poderia descambar em excessos e sensacionalismos, porém, contando com rara argúcia, Don Siegel jamais se excede em momento algum. Aquelas mulheres desejam, mentem, namoram e manipulam o coitado do protagonista, conseqüência dos hábitos modorrentos e castradores que a moral religiosa infligiu nelas, e então elas abandonam toda ética que possuíam, ainda que sempre sob a máscara da moral do nome de Deus. Os papéis se invertem, de conquistador o soldado passa a seduzido e enganado (como sugere o titulo original, The Bequiled). Um prisioneiro, logo ele que havia escapado dos exércitos inimigos nos campos de batalha. Uma vitima dos mecanismos hipócritas das enclausuradas donzelas. Explodem sentimentos reprimidos de inveja, ciume e rancor. Até mesmo a menor e mais inocente das jovens (uma criança de doze anos) tem o seu instante de maldade. (SPOILLER: Se ainda não viu o filme, não leia o resto desse parágrafo, que descreve cenas e até o final do filme!). A menina era a que havia encontrado o soldado no inicio do filme, numa árvore próxima ao internato. Uma cena inesquecível: o soldado ferido, logo que recebe a ajuda da menina, em estado de semi-consciência, ao saber da idade dela lhe dá um beijo depois de dizer: “Então já tem idade para ser beijada”. Ela é a que mais se importa com o soldado durante o filme inteiro, só que no final, magoada com um acesso de fúria dele, é a responsável pela sua morte. Ela o salvou, ela mesma o liquidou. O plano, claro, fora concebido pela superiora que antes havia cortado uma das pernas do protagonista para garantir sua permanência e subordinação naquele enclausuramento!
Um filme incomum, inteligente, fascinante e com ótimos diálogos e excelente estrutura dramática. Quem gosta de se surpreender com as invenções da Sétima Arte (e se espanta sempre que se depara com alguns dos aspectos mais mesquinhos e recônditos do ser humano) merece o prazer de assisti-lo. Clint Eastwood fez muito abacaxi em sua carreira, mas um filme como este faz com que ele mereça todo o reconhecimento que ele alcançou com público e critica. Enfim, O Estranho que Nós Amamos permanece a melhor obra em que seu nome esteve envolvido durante sua carreira na América (descontando, é claro, os filmes que fez com Sérgio Leone).

O Estranho Que Nos Amamos - Fotos











quarta-feira, 11 de abril de 2007

Jean-Luc Godard ( Parte 3) - O Desprezo





Terminando, enfim, a série de comentários a respeito dos filmes de Godard que até o momento tive a oportunidade de assistir, chegamos a O Desprezo, realizado em 1963 com produção do falecido Carlo Ponti. (que também produziu o anterior e mais arrojado Tempo de Guerra). Embora Tempo de Guerra seja considerado mais anticomercial (ou exatamente por isso), sempre me pareceu que O Desprezo tivesse um apelo comercial maior que os outros filmes do cineasta. Não que isso seja pejorativo, ao contrário (como tratarei de explicar mais adiante nesse mesmo texto). Em vez de Anna Karina (esposa e estrela dos filmes de Godard nessa época), o filme é estrelado por Brigitte Bardot, o nome mais popular da França na década de 60. Temos também um ator americano (Jack Palance) e a participação do lendário Fritz Lang no elenco. E parece que esse filme teve uma distribuição melhor nos EUA do que os outros filmes do cineasta, embora não tenha deixado de ser, como via de regra na carreira do cineasta depois de Acossado, um grande fracasso de público.


No entanto, não é essas referências o que mais surpreende em O Desprezo. Nota-se aqui um tratamento diferenciado na narrativa, o mais próximo da linguagem tradicional do cinema que Jean-Luc Godard realizou em sua filmografia. O filme é bem mais elaborado em direção ao sentido clássico da forma do cinema convencional, quase alcançando tons de tragédia em muitas de suas cenas. Provavelmente é o seu filme mais linear, o mais fácil de assistir e, consequentemente, o mais envolvente de todos que o diretor fez em sua carreira. Por isso que mesmo muitos dos detratores de Godard não hesitam em elevar o valor desse filme como modo de denegrir o restante da filmografia do polêmico cineasta. Porque se muitas das experiências vanguardistas do cineasta hoje em dia, para muitos, soam ultrapassadas, datadas e envelhecidas dentro do contexto de uma arte como o cinema que tomou rumos diferentes do que foi proposto por Godard e seus colegas na década de 60, exatamente por isso que O Desprezo é um dos filmes que melhor lucrou com a passagem do tempo. Se por muito tempo foi um filme um pouco desconsiderado, meio que deixado de lado, à sombra de outros mais famosos desse período, com o tempo foi adquirindo aos olhos dos espectadores uma grandeza inegável, digamos que para muitos é o grande filme do diretor (junto com Acossado, é claro). Ele oferece uma aproximação com o espectador de uma maneira pouco usual na obra do diretor francês, que sempre se acostumou em provocar nas platéias um desconforto total por querer destruir o modo alienante como o público se comporta diante de uma película. O Desprezo quase que representa uma pausa no estranhamento que nos causa a filmografia godardiana. O melhor é que, mesmo com essa abordagem diferente do cineasta, o filme ainda assim carrega marcas registradas do seu autor. Porque se na forma é o menos anticonvencional de Godard, em seu conteúdo sentimos intrínseca a maioria das características que fazem com que Godard, para o bem ou para o mal, seja o que ele sempre foi. Digamos que seja uma síntese perfeita entre o classicismo e a vanguarda. Ainda bem, senão não seria um filme digno da fama do seu diretor e não faria por valer a pena ficar discorrendo dele aqui nesse espaço.


Aqui Godard expande os seus temas para o mundo do cinema, debruçando-se sobre a sétima arte como modo de despertar reflexões no espectador. O filme trata da relação dos envolvidos com o meio cinematográfico. Numa declaração do diretor, o filme é sobre a "relação dos envolvidos com o mundo cinematográfico o modo como são afetados por pessoas que se observam e se julgam, e depois são, por sua vez, observadas e julgadas pelo cinema”. A câmara disseca em tomadas maravilhosas os movimentos dos atores como que contemplando fabulosas esculturas em paralelo às volumosas estátuas gregas mostradas no decorrer do filme, pontuado por uma belíssima trilha sonora de Georges Delerues, que se encarrega de realçar as pinceladas trágicas da historia. Ouvi dizer que haviam encomendado a Godard uma comédia romântica estrelada por Brigitte Bardot, mas ele preferiu carregar na densidade, melancolia, amargura. Um clima angustiante, mas ainda assim diferente das obras de Bergman e Antonioni (cineastas famosos por abordar a angustia como temas principais), pelo fato de que Godard investiu em um lado poético como uma forma alternativa de acompanhar a tristeza do filme, também carregado com um humor indisfarçável que torna a tristeza expressa mais suportável. Em sua aparência tão banal, uma obra de arte. Um casal entediado (Michel Piccoli e Bardot) sente a relação se desgastar enquanto trabalham numa filmagem realizada na Ilha de Capri, mas não se decidem a terminar a união por questão de pura preguiça. Dentro de um apartamento, a todo o momento parece que o casal vai se reconciliar, no entanto um dos dois sempre fala algo ou descobre alguma coisa, e então eles voltam a brigar. O jogo de cores se encarrega de ilustrar o vazio existencial dos personagens, com o colorido dos móveis em contraste com o branco das paredes do apartamento, e as brincadeiras com a peruca morena usada pela loira protagonista, como que assim adquirisse uma outra identidade. Um relacionamento se desfazendo, as pequenas causas das grandes mágoas, a sensação desagradável de que ele (o roteirista) pode ou não ter oferecido a mulher ao produtor para obter o trabalho. Vitimas da crise de identificação de um com o outro, perda da atração física, desinteresse da mulher pelo homem que um dia amou. O diálogo da reconciliação teima em nunca aparecer, como se houvesse a força de deuses estranhos agindo no dia-a-dia dos personagens. Eles deixam de ser marido e mulher para virar marionetes nas mãos das circunstâncias do meio artístico em que convivem. Nota-se quase que uma metáfora da indústria do cinema. Além da relação do casal, há o diretor Fritz Lang (o próprio) lutando por conservar a originalidade da obra que estão adaptando, e o produtor voltado para as leis do mercado. "Cada vez que ouço falar em cultura, saco o meu talão de cheque", é o que pronuncia o produtor, emulando a famosa tirada de Goebbels. Uma obra-prima. E para complementar, poucas vezes um filme mostrou tanta beleza quanto nas cenas em que Brigitte Bardot aparece com ou sem roupa.


Dez anos depois seria a vez do colega François Truffaut realizar um filme envolvendo o mundo do cinema. Godard detestou esse filme do seu conterrâneo, o que contribuiu para o rompimento definitivo de uma amizade que há anos já não era mais a mesma. Houve briga feia entre os dois. Enquanto que O Desprezo vem permanecendo por décadas como um filme obscuro, A Noite Americana foi sucesso desde o lançamento, tendo conquistado até o Oscar. Injustiça. Truffuat rendeu-se ao comercialismo realizando um filme que, embora belo e com qualidade, é hollywoodiano demais para um cineasta europeu, quase que uma traição a si mesmo. Um filme que não tem o aspecto instigante que torna O Desprezo tão fascinante e sedutor.

Brigitte Bardot em O Desprezo

Poderia ter colocado fotos da paradisiaca Ilha de Capri. Mas Bardot é muito mais bela!






sábado, 7 de abril de 2007

Jean-Luc Godard (Parte 2) - Acossado




Falta lançar meu olhar em direção à dois dos mais famosos filmes de Jean-Luc Godard, feitos no auge de sua carreira: Acossado (1960), e O Desprezo (1963). Um tempo em que Godard era Deus. Ou pelo menos era tido como tal. Um tempo muito distante.

Acossado, o longa de estréia do cineasta, está para a década de 60 como Pulp Fiction está para os anos 90. Não que os dois filmes sejam iguais, pelo contrário. Só que da mesma forma que o filme de Quentin Tarantino, Acossado foi uma influência avassaladora na cultura cinematográfica dos anos 60. Depois dele, todos os outros cineastas tiveram que modificar a forma de realizar um filme para que não soassem anacrônicos. O jeito de filmar dramas ou comédias das décadas anteriores não servia mais para o público daquela geração. Todos tiveram que se moldar a partir do novo caminho proposto por Godard e seus companheiros de Nouvelle Vague. Hollywood demorou alguns biênios para render-se às evidencias e o resultado foi o desmoronamento das antigas fórmulas que garantiram o sucesso dos seus enlatados. As platéias da época não estavam mais interessadas em assistir épicos ambientados na Antiguidade clássica ou comediazinhas agridoces estreladas por Doris Day. O resultado foi o sucessivo fracasso desses tipos de filmes e o florescimento de um novo e forte cinema em vários paises da Europa e América Latina. Todos influenciados pelo êxito de
Acossado, que abriu caminho para um “cinema mais livre e pessoal”.

Godard visivelmente bebeu dos filmes policiais americanos para criar (com o auxilio de François Truffaut, roteirista) o enredo do assaltante perseguido pela policia que interrompe a fuga para convencer seu novo amor a acompanhá-lo, começando por desconsiderar o acadêmico cinema francês daquele tempo. O diretor serviu-se de uma história simples para renovar a maneira de se contar um filme, despojando-se das convenções tradicionais da narrativa cinematográfica. Com pouquíssimos recursos, quase que com apenas uma câmara na mão e cheio de idéias na cabeça, construiu uma narrativa fragmentada, desarmoniosa, espontânea e improvisada, aparentemente leve, só que nem sempre de fácil assimilação. O que mais nos incomoda é o rompimento da estrutura clássica que gira em torno do esquema “exposição, intriga, clímax e desenlace”. Essa receita não é seguida à regra, o que obriga o espectador a uma reeducação cinematográfica para melhor assimilar o produto. É como se Godard abrisse mão da montagem habitual do cinema para empregar a edição truculenta que constituí os fragmentos de pessoas do mundo real. Também se rompem as definições de heróis e vilões. Dentro de um enredo que não é imediato e nem concreto, os personagens, em suas incoerências, são desprovidos de unidade psicológica definida e precisa para apresentar sentimentos dúbios e controvertidos. De uma ou outra maneira, os protagonistas são vitimas do desenvolvimento caótico e das mudanças impostas pela incongruência da desordem do tempo.

Assisti Acossado pela primeira vez no mês passado. Quase odiei. Sua ruptura violenta dos métodos clássicos de narrar um filme pareceu-me gratuita e cansativa, suas citações de obras literárias, a meu ver, pouco ou quase nada acrescentavam, tudo não passaria de um pretexto de uma hora e meia até chegar à bela cena final quando o personagem toma o tiro, morre e depois olha para a câmara... Uma cena linda e impactante. Pareceu-me datado, levando em conta que, se na época do lançamento era revolucionário, posteriormente todos os filmes que se seguiram e trilharem a trilha aberta pelo clássico de Godard houveram de expandir o caminho com novas reformulações, tornando Acossado uma envelhecida peça arqueológica de museu, ao contrário de outras obras-primas inovadoras como Cidadão Kane, Encouraçado Potemkin e Nascimento de uma Nação, que resistiram melhor ao tempo. O que era rebelde a quarenta e sete anos, hoje já não o é, torna-se ultrapassado pelo correr dos anos. Enfim, nada que uma revisão não resolva. Reassisti o filme na ultima quinta-feira, e o fato de já conhecer o que havia de enredo no filme levou-me a prestar melhor atenção não tanto na história, mas no modo como ela era contada, e envolver-me mais em outros fatores, como o charme esperto imprimido por Godard no andamento sincopado do seu filme, o cinismo irônico naquele novo estilo narrativo, o brilho por trás do vazio aparente daquelas (então) novas tendências estéticas. Claro que hoje em dia, pelos motivos que comentei logo acima, o filme não deve ter o mesmo impacto do que na época de seu lançamento. No entanto, concluí que um filme antigo pode até ser ruim, mas se ele com o passar dos anos ainda é comentado, se continua despertando o interesse e a apreciação de novos cinéfilos, então é porque ele não é datado não. Datado é tudo aquilo que ninguém quer mais ver porque seu tempo passou. E Acossado, realmente, conserva (se não todo) pelo menos muito de seu brilho incomum.









REVISTA ÉPOCA - ENTREVISTA


Godard acima do bem e do mal. O mais importante, amado e odiado cineasta em atividade ataca Tarantino e fala da incapacidade de usar tanto as palavras quanto as imagens. Sobram farpas até para Steven Spielberg!

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Jean-Luc Godard ( Parte 1)


Jean-Luc Godard é sinônimo de vanguarda. Para muitos, vanguarda quer dizer arte superior. Geralmente quem gosta de filmes de vanguarda costuma ter complexo de superioridade, narizinho empinado, descaso para quem não compartilha de suas preferências artísticas. Eu gosto de obras de vanguarda. Mas não possuo complexo algum, tampouco tenho nariz empinado. O que me salvou de ser um pedante cheio de arrogância e metido a superior foi o fato de desde menino assistir produções comerciais hollywoodianas, e encontrar qualidades em muitos filmes dessa tendência. Se quando criança eu comecei a assistir alguns dos melhores filmes de todos os tempos, ao mesmo tempo fiz parte do (inseleto) grupo de espectadores de filmes de ação e efeitos especiais. Não que eu gostasse tanto de filmes imbecis. Um ou outro talvez. Porém sempre tive a capacidade seletiva de saber filtrar o melhor entre o que as circunstâncias de cada momento me proporcionavam. Mais tarde, ao conhecer filmes mais arrojados, experimentais e alguns até mesmo indecifráveis, foi que adquiri uma visão muito mais ampla e profunda sobre a sétima arte. Mas não dispenso um bom blockbuster. Se for de qualidade, claro.
Voltando à Jean-Luc Godard, seu nome permanece como o exemplo de diretor mais alternativo, intelectual e chato da história do cinema. Nem tanto. Não é dos mais chatos, nem seus filmes são tão intelectivos como se supõe. Ele quase que não conta histórias, expõe idéias, ritmo descontinuo, narrativa fragmentada, incorporando ao seu discurso fílmico trechos de literatura, quadrinhos, música erudita e artes plásticas. Desconstruindo a linguagem cinematográfica, optou por fazer “ensaios” em filmes de ficção, suas películas são mais dissertação que enredo, este geralmente quase que inexistente. Seu amigo e colega de geração Glauber Rocha o venerava: ''Quem quiser me ofender basta falar mal de Godard''. Demais, não posso falar muito da obra do diretor francês porque até o momento vi apenas três de seus filmes, que, entretanto, são alguns dos principais momentos de sua obra, portanto, possuo uma idéia de sua carreira, mas não um conhecimento integral da mesma. Pelo pouco que sei digo que Godard talvez seja melhor teórico de cinema do que propiamente cineasta, porque alguns dos livros de sua autoria que tive a oportunidade de ler são fundamentais na estante de qualquer bibliocinéfilo. Para não incorrer em erros e falhas a propósito do célebre cineasta francês, irei fixar-me somente aos filmes que assisti.
O primeiro que conferi foi o detestável Je Vous Salue Marie. Esse sim é terrivelmente chato. Não é da fase clássica do cineasta, por isso está perdoado. Na época do lançamento, 1986, foi noticia em todos os lugares pela celeuma que despertou contra a Igreja Católica devido a suposta provocação à Virgem Maria. O pior é que o filme nem é tão provocador, nem mesmo irreverente, apenas monótono e muito lento. Um desafio aos insones de plantão. Uma pretensa atualização da Virgem, releitura dos acontecimentos que envolveram a mãe de Jesus Cristo relatados na Bíblia, o mérito da obra foi recontar os fatos de maneira mais realista, emprestando a personagem um aspecto mais terreno, feminino, só que é mais uma alusão que propriamente uma afronta. No filme Maria é filha de um dono de um posto de gasolina, ela é casada com José, motorista de táxi. O paralelo com a narrativa bíblica é o suposto Anjo que aparece diante dela anunciando sua gravidez. Mesmo prenhe, a moça jura ao noivo que ainda permanece virgem. Poderia ser bem mais intrigante se o cineasta não tivesse optado por se afastar de maneira tão extrema das convenções tradicionais do cinema. Quem quiser conferir versões alternativas mais interessantes de episódios bíblicos que procure as versões que Pier Paolo Pasolini e Martin Scorcese fizeram dos Evangelhos, muito mais cinema do que tédio.




terça-feira, 3 de abril de 2007

O Quarto do Pânico

Um filme comercial que eu adoro! Hoje em dia não é muito lembrado, quase ninguém dá nada por ele, mas é possivel que daqui 20 anos seja considerado um clássico.

















David Fincher


David Fincher é o diretor mais talentoso do mundo na atualidade. Sua carreira merece ser acompanhada com atenção. Para se ter um exemplo de seu gênio, foi ele quem mudou radicalmente a imagem da fabulosa Helena Bonham Carter, que antes de trabalhar com ele só fazia papéis de época em produções inglesas e depois tornou-se uma atriz bem mais versátil e ainda mais talentosa. Não, ainda não vou escrever sobre Clube da Luta, para mim o melhor filme realizado nas últimas três décadas. Sua enorme importância transcende o espaço que poderia dedicar no presente texto. Outro dia eu entro em minúcias a respeito de Clube da Luta. Fincher é um cineasta que consegue imprimir um vigor impressionante em suas narrativas e, com um incrível apuro visual, contar histórias com imagens poderosas. Em Seven – Os Sete Crimes Capitais, todo mundo já sabe, o diretor pegou um roteiro escrito por um ex-atendente de locadora, e o transformou num clássico do cinema moderno. Inteligente, intrigante e espetacular (só para complementar, se Seven foi escrito por um reles desconhecido, Clube da Luta era baseado em uma história escrita por um ex-mecânico, que por causa da adaptação magistral de Fincher acabou por se transformar numa celebridade literária, um escritor respeitado em todo mundo). Porém pouca gente conhece o engenhoso Vidas em Jogo, que seria mais um filminho de suspense se a varinha mágica do diretor não o transformasse numa obra tão esperta e emocionante. É sobre um milionário entediado que aceita participar de um estranho jogo para conseguir um pouco de emoção e acaba de verdade ficando sem nenhum tostão, tendo que se virar sozinho. Um filme que merece ser conferido. Outro suspense do diretor é O Quarto do Pânico, o filme posterior a Clube da Luta. Pela sinopse desse filme, parece que o diretor quis só se divertir após o esforço em criar sua obra-prima maior. È sobre uma mãe e filha trancadas em um quarto numa casa invadida por assaltantes. Um dos temas mais manjados no cinema, uma história batida e contada milhões de vezes. Como Fincher conseguiu transformar uma história dessas num filmaço? O Quarto do Pânico permanece um filme subestimado, confundido como um suspensezinho qualquer, mesmo com o sufocante clima engendrado pelo cineasta, com a originalidade sabe-se lá como imprimida ao filme. Dentro de sua textura de filme comercial, esconde-se um latente clima amargo na história de uma mãe sem sorte sozinha com sua filha diabética e, principalmente, nos assaltantes fracassados que não reconhecem que jamais sairiam dali com a fortuna que almejavam. O filme remete à Edgar Alan Poe, que escreveu histórias sobre pessoas praticamente enterradas vivas, mas aqui a grande estrela é a câmara do cineasta. Se o filme é surpreendente do inicio ao fim, pouca gente notou que sua cena final remete (bela homenagem) ao clássico O Tesouro de Sierra Madre, com o ouro espalhado pelo vento. A impressão inicial que se tem com esse filme é que Fincher queria um sucesso comercial. Não conseguiu. Num tempo em que Quentin Tarantino é cult por ser pop, Fincher está acima de todos os rótulos.
Parece que Fincher padece do “mal de Orson Welles”. Mesmo com todo o talento sofre com os insucessos de bilheterias de seus filmes, que depois de Seven, só deram prejuízo. Pelo menos nenhum produtor metido a besta põe a mão em seus filmes para remontá-los. O cineasta não deixa. Porém, infelizmente ele ficou seis anos sem poder lançar um filme novo. A Warner custou para liberar os milhões necessários para a adaptação do conto de Fitzgerald, tendo que para isso o cineasta se comprometido a dirigir um suspense comercial para render bilheteria. Fincher dirigiu esse suspense por encomenda, Zodíaco, que está sendo lançado nesse momento nos EUA. Para variar, o filme foi ovacionado pela critica norte-americana, mas decepcionou os produtores com a fraca bilheteria do fim-de-semana de estréia. Não faz mal. O diretor prepara-se para filmar The Curious Case of Benjamin Button.

O filme mais esperado da década


Cinema pra mim é paixão. Totalmente. Sou um obcecado por filmes. Devorador constante de produções de todas as épocas, gêneros e idiomas. Compulsivo colecionador de DVDs. Tenho preferência pelos clássicos, cult, europeus e nacionais. Claro, não dá para esquecer dos asiáticos e do inevitável cinema americano, que mesmo dominado pela mediocridade, quando quer ou quando pode é capaz de produzir obras perenes, o que faz regularmente, mesmo que isso esteja cada vez menos freqüente. Por isso que quanto mais o tempo passa, cresce em mim a paixão pelos filmes antigos. A hora que nesse blog eu começar a escrever sobre filmes antigos, é bem possível que eu não pare mais e não queira escrever sobre outra coisa. Por isso, em vez de começar me referindo a um filme do passado, vou escrever sobre um filme do futuro. Trata-se da adaptação que o cineasta americano David Fincher está realizando no momento a partir do extraordinário conto O Curioso Caso de Benjamin Button, do grande autor americano Francis Scott Futzgerald. Em minha concepção, o filme mais aguardado da presente década.
Para quem não conhece o conto de Fitzgerald, trata-se uma fantasia delicada e sutil que narra a história de um sujeito que nasce com a aparência de um velho de 70 anos e a partir daí vai rejuvenescendo progressivamente. O enredo acompanha a jornada do protagonista durante décadas, quase que nem Forrest Gump, só que sem o aspecto reacionário do filme estrelado por Tom Hanks, que revisitou alguns períodos da história norte-americana sob um ponto de vista americanista demais, excessivamente direitista. Benjamin Button é diferente. O conto faz uma crítica amarga mas leve sobre o sonho americano, levando em conta que a situação do personagem o impede que ele alcance todos os objetivos que se espera de um homem dentro do american way of life. Escola, exército, faculdade, carreira, casamento, nada dá certo para o pobre protagonista. Com dezoito anos, Benjamin Button era como um homem de cinqüenta; aos oitenta, fazia peraltices como um garoto de dez anos de idade. Tudo isso na prosa inteligente de Fitzgerald.Ao contrário do seu colega de geração e não menos genial William Faulkner, Fitzgerald não se debruçava sobre virtuosismos lingüísticos, mas sabia escrever com profundidade mesmo em um estilo tão simples. O referido conto está em 6 Contos da Era do Jazz, reeditado diversas vezes aqui no Brasil. Mais cedo ou mais tarde, pretendo colocar aqui no blog a transcrição integral do conto O Curioso Caso de Benjamin Button para quem ainda não teve a oportunidade de lê-lo.
Sobre o filme, o longa começa a ser rodado até o final do ano, com estréia prevista para 2008. Não sei até que ponto o roteiro (de autoria de Eric Roth,de Forrest Gump, Ali, Munique) vai se manter fiel à história original. Pelo que eu tenho visto na internet, estão tentando vender o filme como uma história de amor! Compreensivel, pode ser uma estratégia publicitária para atrair o necessário grande público( acredite, fizeram isso até com Cidadão Kane, na estréia editaram um cartaz que o anunciava como uma história de amor). Brad Pitt (parceiro de longa data e amigão do diretor) vai interpretar o personagem-título. Gosto muito de Brad, é o galã mais competente dos últimos anos, um ator empenhado em conseguir bons papéis em filmes que sejam relevantes, a maioria de suas atuações são boas. Porém eu preferiria Edward Norton no papel, muito mais talentoso, geralmente transmite uma intensidade muito grande para seus personagens. Mas tudo bem. Acredito que Brad dará conta do recado. Completam o elenco : a maravilhosa Cate Blanchett, Jason Flemyng (Carga Explosiva 2), Taraji P. Henson (Ritmo de um Sonho) e a sumida Julia Ormond, cuja carreira nos anos 90 não decolou.
Vamos aguardar com a melhor das expectativas.

domingo, 1 de abril de 2007

O Olhar Implícito

É a minha primeira postagem nesse novo recurso que estou usando na internet: o blogger! Logo eu, que tanto temia em me transformar num escritorzinho de internet. Não que na internet não exista excelentes escritores. Pelo contrário! Já encontrei muita gente boa, pessoas inteligentes pra caramba divulgando suas idéias, seus textos, informações, trabalhos literários e coisa e tal. Por outro lado, para provar que por aqui se encontra de tudo um pouco, também já encontrei cidadães falando a cor da cueca ou gatinhas revelando o formato de suas calcinhas nas páginas da web! Mas eu não pretendo chegar a tanto ( mesmo porque, eu não sou capaz nem de lembrar a cor da cueca que estou usando nesse momento). E além do mais, não uso cueca Calvin Klein, por isso, como hoje em dia tudo, mas tudo mesmo precisa de grife para fazer sucesso, a exposição de minha cueca na web não faria sucesso algum.

Eu quero apenas deixar umas palavras no ar como aquelas folhas ao vento que ninguém nota num normal dia de outono. Escrever sobre filmes que ninguém viu, ninguém lembra, ninguém conhece. Ou dividir com os internautas as sensações que tive ao me debruçar sobre aquele livro empoeirado que encontrei em algum sebo e cuja leitura me deixou tonto de prazer. Comentar sobre bandas que ninguém ouve, cantores que ninguém escuta. Ou sobre Mozart ou Beethoven. Deixar aquele poema, conto ou crônica que tive a ousadia de cometer. Ou, melhor ainda, compartilhar aquele poema ou texto de um outro autor que julgo que possa atingir a sensibilidade de quem navegar nessa página. Quando muito, falar do meu Internacional campeão do mundo. E quando for capaz, tecer alguns comentários sobre comportamento de homens e mulheres, atitudes desses seres irracionais que se julgam humanos. Não que eu encare de modo desprezivel a espécie humana. Longe disso. Imagine se eu teria um sentimento desses diante de meus semelhantes! Para mim todos nós somos incriveis por no fundo sermos diferentes de tudo aquilo que parecemos ser. Somos distantes do que se chama de normal, e isso é que nos torna tão especiais. Eu amo a raça humana. Com um pé atrás, mas amo.

Enfim, se eu tiver dois ou três leitores, já me dou por satisfeito. Na vida não dá para se exigir demais. Queremos o mundo, no entanto só se consegue abraçar a si mesmo. Eu já me acostumei a ter muito pouco do que quero.

Para terminar, não acredite em tudo que escrevi acima. Afinal, hoje é Primeiro de Abril! Mas pode ser que eu seja daqueles que só consiga dizer a verdade quando minto. Brincadeira. Não pretendo em nenhum momento que escrevo na intenert fazer alguém de bobo. Não teria talento para tanto. E nem precisaria. Basta o dia-dia opressor de salários baixos e rendimento precários para cada um de nós ser vitima do dia da mentira. Da corruptela de bandidos e ladrões que há aqui, ali e em qualquer lugar. Em se tratando de exploração moral, social e econômica aos mais pobres e desamparados, para muita gente todo dia do ano é Primeiro de Abril. Por isso, o brasileiro é um povo fascinante. Numa miséria em que cada cidadão vai empurrando com os pneuzinhos da barriga, o povo dessa terra fez do carnaval em fevereiro e do futebol no restante dos meses os motivos principais para continuar sorrindo o ano inteiro.

Um abraço ao leitor invisivel que me lê!

Movimento Cinema Livre

Movimento Cinema Livre - Orkut

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