segunda-feira, 11 de junho de 2007

Crônica do Dia dos Namorados

Posso levantar as mãos para o céu e agradecer pelo lucro que tive nesse 12 de junho Dia dos Namorados. Se eu tivesse namorada, teria que gastar uma boa porcentagem de minha renda em algum presente muito bonito (e consequentemente caro): um perfume sofisticado, uma lingerie atraente... Em vez disso, pude me dar ao luxo de investir meu escasso dinheirinho em doze dvds que comprei da loja virtual da 2001 para pagar parcelado no cartão de crédito. Se a VISA não tiver que colocar a Policia atrás de mim para me cobrar caso eu não puder pagar esses filmes, nos próximos meses terei praticamente um acervo inestimável de clássicos do cinema:alguns dos primeiros filmes de David Lean ( Grandes Esperanças e Uma Mulher do Outro Mundo), dois Hitchcock da fase inglesa ( Sabotagem e Jovem e Inocente), três clássicos da dupla de realizadores Michael Powell e Emeric Pressburger (Coronel Blimp – Vida e Morte, Narciso Negro e Sapatinhos Vermelhos), Henrique V, de Laurence Olivier, a produção alemã O Tambor, o japonês Furyo – Em Sua Honra. O extraordinário Sindicato de Ladrões, que em seu estupendo argumento tem, entre outros méritos, pela primeira vez apresentar Marlon Brando apanhando que nem mulher de brigadiano (acreditem, a partir desse filme isso se tornaria constante na carreira de Brando, que na maioria de seus filmes insistia com os diretores para que adicionassem cenas de agressão sadomasoquistas sofridas por seus personagens), E para coroar esse conjunto de obras-primas que presenteei a mim mesmo em pleno mês do Dia dos Namorados, um cult contemporâneo (e imprescindível) de David Cronenberg (para mim, o melhor filme do diretor canadense): Mistérios e Paixões. Para quem não conhece, essa adaptação da obra do escritor beat William Burroughs é sobre um escritor que trabalha como exterminador de baratas, cuja esposa é viciada no inseticida com que ele trabalha. Um delírio surreal que envolve insetos que falam, máquinas de escrever cujas teclas literalmente brigam com o escritor, tudo pontuado sob um belíssimo sax da trilha jazzística. Impagável.

Enfim, doze de junho é o melhor dia do ano para não se ter uma namorada. Não que eu abomine namoros ou namoradas. É que simplesmente detesto datas comerciais como essa ( da mesma forma forma que não vejo graça nenhuma nem no meu aniversário, que para mim é uma data qualquer), bem como o Natal, Ano-Novo, Páscoa, etc. Sou pobre de nascimento e solteiro por convicção. Considero-me um cara legal, um sujeito realmente bacana, porém nenhuma mulher me suportaria mais do que dez horas seguidas. Gosto de mulheres e de relacionamentos, mas prefiro construir sólidas histórias de amor com as que tenho afinidades pessoais e oportunidades de convivência, sem necessariamente ter que me prender à compromissos morais que estejam à um passo de algo próximo do que é o matrimônio, ou estar atado à fortes laços que ocupariam um espaço imprescindível de minha privacidade. Preciso de tempo para os livros que ainda tenho que escrever, ao mesmo tempo em que não posso abrir mão das muitas horas necessárias para deglutir a quantidade ilimitada de obras cinematográficas que ainda tenho que ver/rever. Sem falar nas mulheres com as quais não possuo afinidade nenhuma, cujos níveis culturais estão abaixo de zero, e que infelizmente parecem compor a estúpida maioria da ala feminina que nos últimos anos foi educada por uma novela de conteúdo tão tosco e de profunda superficialidade como (apenas para citar um exemplo) o seriado de TV Malhação. Uma pena que um programinha desses pareça ter definido o padrão de estilo de garotas da atualidade. Não que seja necessário que as mulheres conheçam a obra de Dostoievski do primeiro ao último volume. Porém um mínimo de afinidade é primordial para o estabelecimento de uma relação, para o surgimento de uma cumplicidade, um envolvimento maior. Como conviver com uma mulher que não está nem aí quando tentamos convencê-la da grandeza dos filmes de Stanley Kubrick (apenas para citar mais um exemplo óbvio)? Ou da maravilhosa obra de Luchino Visconti? Ou com aquelas que não querem nem ouvir a hipótese de ler os escritos cintilantes de Clarice Lispector? O pior é quando se fala em baladas...Apesar de gostar de beber e sair á noite, odeio esse tipo de lugar onde cobram uma entrada caríssima para ingressar num salão com música horrenda tocando altíssimo, tornando inviável qualquer conversa que se queira estabelecer, pois é praticamente impossível escutar o que a pessoa ao lado diz.

Mas não sejamos tão pessimistas. A par de minha vontade em escrever um texto com a minha peculiar e sombria visão niilista do mundo, existem sim mulheres maravilhosas cujas companhias são um privilégio indescritiveis para nós homens. Mas que nesse Dia dos Namorados eu tive um lucro e tanto, isso eu não poderia negar.

5 comentários:

Anônimo disse...

Digamos que uma lingerie Victoria Secret, um perfume Dior e uma bolça Gucci quando ficam na loja não saem muito caras,afinalesses são os presentes minimos que eu aceitaria de dia dos namorados, (pq será que eu estou solteira, hein? hahaha).
Tirando os comentários machistas (últimamente você está muito machão) e os cineastas que eu nunca ouvi falar em minha curta vida ¬¬ (tenho muito a aprender sobre cinema) esse post me lembrou que a nossa primeira conversa que foi sobre o filme Lolita de Kurbrik, vc deve ter me achado uma super garota hahaha.A verdade, querido, é que não são as garotas que perderam o gosto pela arte, é o mundo que está regredindo cada dia mais e quem disse que novela não é uma forma de diversão? Claro que é! Quem dera eu ganhar a maior grana escrevendo tramas globais...toda forma de arte é válida, não importa qual seja...

Não vou comentar mais pois preciso ir ver a Pedra do Reino, com licença. Beijos querido, depois eu quero descobrir quem são os "deuses" mencionados no seu texto.
Au revoir.

Vlademir lazo Corrêa disse...

Ah Michelle...eu não sei de onde você tirou essa idéia de que eu tenho estado muito machista hahaha. Sobre o mundo estar regredindo cada dia mais, é verdade, muito triste essa constatação.
Sobre os cineastas que você não conhece devido a tua pouca idade, você tem um mundo inteirinho de artistas fabulosos do cinema antigo por conhecer, quando puder entre de cabeça na descoberta desse admirável acervo dentro da sétima arte. Pelo menos você já conhece alguns, como o próprio Kubrick, o que faz de você, como falou, uma supergarota hahaha.

Beijos Michelle, e obrigado pelos comentários inteligentes e bem escritos(mesmo que eu não concorde com algumas coisas do que você escreveu aqui rssss).
Au revoir.

Anônimo disse...

Amado...
Concordo que você tem um "q" de machista sometimes...rsrsrs
E acho que não apenas a ala feminina não tem nada à dizer...a maioria dos homens não têm conteúdo nenhum...nunca ouviram falar dos grandes ceneastas nem dos seus grandes filmes...
Falando em namoro tb concordo que se perde a privacidade, o bom mesmo é ter um amado amante, não é?
Se vc fosse meu amante, me contentaria em ganhar uns 8 ou 9 dvds...rsrsrsrs(somente clássicos, viu?)

Vlademir lazo Corrêa disse...

Vejo que vocês insistem em chamar a atenção para supostas atitudes machistas que porventura eu tenha rsss. Assim vão acabar me convencendo. Embora eu acho que vocês estejam confundindo machismo com "personalidade"...
Verdade,o nivel cultural dos homens também é muito baixo. Mas se na crônica eu somente me referi às mulheres foi apenas por mera questão de preferência sexual hehehe...
Ah Rô, em tempo: terei muito prazer em lhe dar esses 8 ou 9 dvds que pediu, viu? rss

Linda Graal disse...

Guapísimo!!!

Sabe...por essa e muitas outras ocasiões de minha leitura às suas palavras ou versos é que me apaixono a cada dia!!
Não tiraria nada do que escreveste...aliás, acrescentaria que é uma pena não estarmos perto para vc me convencer sobre os filmes!!
um beijo namorativo pra ti...

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