quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Os Olhos Sem Rosto


Outro dia tive um dos maiores sustos cinematográficos de minha vida com o impacto de "Os Olhos Sem Rosto" (1959), do diretor Georges Franju.
A história é das mais insólitas já vistas em celulóide: um cirurgião parisiense especialista em transplantes, traumatizado por ter provocado um acidente de automóvel que desfigurou o rosto de sua filha, a mantém reclusa dentro de sua casa, enquanto que, com a ajuda de sua maquiavélica enfermeira, sequestra lindas garotas dos arredores de Paris para que o médico retire os seus rostos cirurgicamente, a fim de tentar transplantá-los na face de sua própria filha.
O resultado é um filme de terror dos mais assustadores, mas cheio de sutílezas, original, gélido e inquietante, sem necessidade de exageros, amparando-se mais em seu argumento cruel e compondo uma atmosfera lúgubre de desolamento, horror, solidão e aflição. Não há como não sentir um misto de comoção e pavor com a imagem da garota vagando cheia de incertezas e melancolias pelos amplos corredores da casa, com sua máscara branca de porcelana a esconder o rosto deformado e seus vestidos longos e compridos, enquanto aguarda os resultados das bizarras experiências de seu pai. Outras cenas cortantes e surpreendentes se sucedem, num clima de absoluto surrealismo, mas descrito com naturalidade, equilibrio, terror e poesia.
Só vendo para crer o quanto esse é um filme maravilhoso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom mesmo o seu blog. Se não tivesse o bom gosto dos filmes, já valeria a pena pelo que tem nos excertos. Tendo os dois, melhor ainda. Virou referência para mim. Abração.

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