sábado, 12 de maio de 2007

Filmes Superestimados (Parte 1)


Depois de vários dias afastado do blogger devido a eu estar ocupado com a leitura de livros importantes, assistindo muitos filmes antigos, estudando e trabalhando, eis que chego por aqui para colocar as coisas em dia. Não tem sobrado tempo. Enfim, voltando a escrever sobre cinema, vou discorrer sobre dois ou três dos, a meu ver, mais superestimados filmes da presente década. Começo hoje com o badalado Kill Bill, a história de vingança engendrada por um dos mais cultuados cineastas do momento, um filme que não me desce bem goela abaixo.

Quentin Tarantino conseguiu criar uma aura tão grande em torno do seu nome (e, consequentemente, um enorme número de admiradores) que qualquer filme seu costuma provocar reações superlativas em seus fãs. A maioria dos atores beijam-lhe os pés e fariam qualquer coisa para trabalhar em algum de seus filmes. Tá certo, tá certo, ele estreou muito bem com Cães de Aluguel, criou uma obra-prima com Pulp Fiction e agradou bastante com Jackie Brown e em um dos episódios de Grand Hotel.

Águas passadas. O Tarantino de Kill Bill só quer divertir. Nisso não há problema, desde que seus admiradores não queiram elevá-lo à categoria de obra de arte única! O diretor pegou o batido tema de vingança a qualquer preço e criou um fiapo de roteiro, uma colcha de retalhes que comprova que Tarantino é cult por ser pop. Para garantir o interesse, usou de cores fortes, temas musicais de faroeste-espaghete e encheu sua obra de referências a filmes orientais de kung-fu. São pormenores gratuitos para arrebatar o espectador e que conferem um forte artificialismo que pouco ou nada acrescenta a esse filme vazio. No passado, Sérgio Leone também se serviu de vários filmes para compor o seu Era Uma Vez no Oeste. Só que o diretor italiano teve a capacidade de assimilar com tamanha perfeição essas referências que não precisamos saber delas para apreciar o espetáculo e a maioria dessas referências não são percebidas nem por espectadores mais atentos que assistiram aos filmes que inspiraram o seu faroeste magistral. Uma Thurman em Kill Bill veste o mesmo casaco amarelo que Bruce Lee usou em O Jogo da Morte, os fãs apressam-se em explicar. E daí?

Tarantino não soube justificar as influências no seu ultimo filme. No prólogo, Uma Thurman está em coma e prestes a ser estuprada por dois maníacos sexuais no hospital. Pois não é que a moça acorda e aniquila a socos e pontapés os seus dois oponentes, mesmo tendo passado cinco anos em coma.!! É uma cena tirada de um abacaxi qualquer de Steven Seagal e de vários congêneres. Se os filmes de Steven Seagal são (merecidamente) considerados uma porcaria, porque então Kill Bill é um filme tido como espetacular? Porque Tarantino é um gênio.

Se o elenco era uma das molas mestres dos filmes anteriores do diretor, aqui nem isso se salva. Atores e atrizes limitam-se a entrar e sair de cena quase sem chances de brilharem, apenas servindo de escada para as peripécias da Black Mamba interpretada por Uma. Kill Bill (ou Kill Bomba, como diria um amigo meu) é, na melhor das hipóteses, um filme de ação de luxo, descerebral, uma aventura cômica que só agrada a quem aceitar sua condição de paródia e não exigir nada demais e que, para muitos, tem certo charme por causa dessas famigeradas referências. Uma diversão charmosa e rasteira que muitos cinéfilos assumem sem culpa por causa do valor do nome de Tarantino (creio que se, amanhã ou depois Tarantino fizer um remake de O Ataque dos Tomates Assassinos, os fãs com certeza diriam que é obra de arte, obra-prima, etc.) Claro que os admiradores do cineasta vão se municiar de argumentos para defender o seu mestre. Vão dizer que o filme é uma homenagem, sátira, pastiche (pastiche, para mim, é um termo pejorativo e desagradável). Ah, como eu queria que esses fãs pudessem assistir Kill Bill sem saber quem é o diretor. Na verdade, o forte são os diálogos afiados que Tarantino escreveu e o seu domínio do ritmo e da técnica cinematográfica. Mas nada que dê para engolir outra cena ainda mais absurda que é quando Uma Thurman briga contra 24 marginais e liquida com cada um deles!!! É a hora em que o filme assume de vez sua condição de brincadeira pueril. Não seria Kill Bill uma versão feminina e atual de Rambo ao som de trilhas de western-spaghetti?

Um filme pífio que não dá para levar a sério. Por seus trabalhos anteriores, Tarantino chegou a ser premiado nos festivais de Cannes e de Berlin, mas com Kill Bill (depois de sete anos sem trabalhar) bem que ele merecia levar para a casa um Framboesa para ver se volta a fazer um filme bom de verdade. Tomara que tenha conseguido com o recentíssimo Grindhouse.

3 comentários:

theda disse...

caríssimo, como fã incondicional do tarantino, mas não alienada, tenho que comentar...apesar de respeitar muito sua opinião.
kill bill é sua homenagen aos antigos faroestes de Sergio Leoni e aos filmes de samurai e kung fu que fizeram parte de sua infância. Kill Bill estaria para ele do mesmo modo como Indiana Jones e Guerra nas Estrelas estão para Steven Spielberg e George Lucas.
Acho tb que a história é muito bem contada, os diálogos são inteligentes, enfim cinema é entretenimento e os "entendidos" de cinema são muito chatos!!! rsrsrs
nada pessoal, mas não se leve tão à sério...

Everton disse...

Antes de mais nada Vlademir gostaria de fazer uma pequena correção. Quando voce se referiu aos maniacos sexuais, não seriam os dois a estrupa-la pois o Buck ja havia abusado dela quando ainda estava em coma.E quanto a mata-los a socos e pontapés acho que voce escreveu no sentido figurado pois no momento ela não tinha os movimentos das pernas.
Agora vamos a que eu acho:
Dizer que o filme é uma homenagem aos filmes que ele tanto gostava não é sair em defesa "cega" em relação ao diretor, é simplesmente um fato. Basta voce assistir as entrevistas de bonus do dvd onde ele mesmo revela isso.
Quer exemplos: O ator Sonny Chiba é uma ator muito famoso no Japão (Um Clint Eastwood de lá)que fez grandes filmes e séries. Uma dessas séries chamava-se Shadow Warriors onde Chiba interpretava um personagem chamado Hattori Hanzo e tinha abilidade com espadas.
Eu poderia citar varias mais não estou aqui para escrever um livro e sim um comentario.
Eu como grande pesquisador que sou vendo kill Bill ampliei meus conhecimentos pois fiu procurar conhecer todas as obras citadas.
Quanto as lutas, sangue, isso vem da cultura asiatica que em seus filmes relatam batalhas sangrentas só que muda o cenario.Em filmes de faroeste mostram pessoas sendo mortas a troco de dolares com armas de fogo. Ele misturou tudo isso usando o tema da vingança feminina mas com uma enredo original e dialogos bem colocados.
E mesmo com todas as influencias de sua carreira gosto do filme pelo o que ele fez e não pelas referencias.
Se for achar possivel Sete Samurais acabarem sozinhos com uma gangue de malfeitores seria exagero? O filme do Kurosawa é classificado como classico, o que tambem acho.
Martin Scorsese ganhou o Oscar com o remake de um filme Coreano. Ainda não vi Os Infiltrados mas ele só mudou o cenario.
Quentin mudou o cenario, misturou culturas, adicionou suas visões e caracteristicas para tornar um filme unico.
Gosto do filme, adoro, não peço para ninguem gostar mas que tentem entender a proposta.Quem um dia não foi criança e assistia series japonesas na tv?Quentin não renega seu passado ele revisita-o com um toque atual e para mim brilhante.
Respeito os criticos que não gostam do filme, mas não perco meu tempo tecendo teses sobre um filme do qual eu não gosto.
Se eu ganhasse o dinheiro que esses criticos ganham eu falaria um monte de coisas a filmes que não gosto. Mas perder meu tempo e paciencia, sem ganhar nada, para falar de filmes que não gostei nunca.
Essa é minha opinião, mas respeito totalmente a opinião do Vlademir mesmo achando que ele deveria ver o vol. 2 e ao menos procurar entender a mensagem que ele quis passar de "retorno as raizes" e não de violencia barata.

Vlademir lazo Corrêa disse...

Amigos, vocês gostam mesmo de Kill Bill, hein? Nada contra, levando em consideração que preferências pessoais são um direito inalienável de qualquer pessoa, seja em relação ao que for. Desde que se tenha noção do que se goste e que o fã não enxergue pêlo em ovo. Eu, por exemplo, gosto muito dos primeiros filmes com Jim Carrey, que não são nada excepcionais, só que em momento algum eu esqueço que aquelas comediazinhas estreladas por Carrey são apenas diversão passageira, o errado é se eu saisse dizendo que Ace Ventura é uma obra de arte. É nesse sentido que eu foquei meu comentário em relação ao filme de Quentin Tarantino, quem prestou atenção deve ter reparado nisso.
Éto, antes de mais nada, quando eu me referi ao estupro e a socos e ponta-pés,é claro que eu usava figuras de linguagem, sem que em nenhum momento eu estivesse longe da verdade. Que ela brigou com os dois carinhas e os liquidou, aconteceu,as cenas estão no filme para quem quiser conferir. Em tempo: figuras de linguagem são de uso recorrente em qualquer texto literário, desde que o autor mantenha-se dentro da verdade, é claro, além disso, para bom entendedor meia-palavra basta hehehe...
Sobre as diversas citações que formam essa colcha de retalhos muito oca e sem sentido, sim, é um fato, e não fui eu quem negou isso. Mas é tudo CULTURA INUTIL. Que interessa saber que tal cena foi baseada no filme de kung-fu tal? E se Kill Bomba serviu para o espectador conhecer vários filmes obscuros da Ásia, isso não aumenta a qualidade cinematográfica dessa pelicula de Tarantino, levando em conta que cada filme é um filme, e eu prefiro me basear na análise do filme em questão, e não em critérios à amrgem do proprio filme.
Todo artista tem suas influências, e é dai que cada autor cria suas próprias obras. Mas isso não quer dizer que seja algo brilhante fazer uma imensa COLAGEM de dezenas de filmes alheios, ainda mais de kungu-fu, um gênero que, definitivamente, não é a minha àrea. É preciso originalidade, mesmo assimilando diversas influências. E originalidade em Kill Bill, caro Éto, quase que não existe...Basta dizer que muitas de suas cenas lembram filmes até de Steven Seagal. portanto, não vejo nada de muito original nos frames do filme em questão.
Querer comparar Kill Bill com Os Sete Samurais já foi forçar demais a barra. À parte os evidentes desniveis de genialidade entre Kurosawa e Tarantino, é muito mais crível que sete samurais enfrentem um bando de delinquentes do que uma moçoila liquide sozinha 24 marginais poderosos!
É evidente que eu foquei minha análise no VOL.1, citando cenas que ocorrem nesse filme.Quanto a eu não ter visto o VOL.2, será que o segundo filme nega tanto a essência do primeiro para que eu pudesse apreciar a obra mesmo tendo detestado aquele primeiro filme? Acredito que não. Em qualquer série de filmes cinematográficas ou mesmo trilogias, não é necessidade obrigatória ter visto todos para se ter uma idéia do resultado final do conjunto. Por exemplo, se alguém viu o primeiro Poderoso Chefão não precisa ter visto o II e o III para tirar conclusões à respeito daquele primeiro filme. De qualquer forma, essa análise que fiz é referente ao Vol.I. Quando eu resolver me sacrificar penando assistindo ao VOL.II, ai sim eu escrevo sobre esse dito filme. Em tempo: o Éto, mesmo criticando por eu não ter visto Kill Bill Vol. II, fez ele mesmo um comentário sobre Os Infiltrados, filme que ele mesmo confessa não ter assistido. Então proponho que o assista antes de comentar sobre ele...
Quanto a analisar obras de gosto duvidoso que não apreciamos, não é perda de tempo não.Para quem gosta de pesquisar, debater e trocar idéias, é bastante pertinente a dissertação sobre qualquer obra, goste-se ou não dela.Disso vive o cinéfilo curioso, crítico, que gosta de pensar e refletir em várias direções.Ainda mais quando se torna necessário discutir sobre um filme amado e odiado quanto Kill Bill, e que em minha concepção de cinema, é totalmente superestimado. Questão de mera preferência.
A par de tudo isso, meus amigos, sejam sinceramente bem-vindos no blog e, por favor, participem sempre

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