terça-feira, 3 de abril de 2007

David Fincher


David Fincher é o diretor mais talentoso do mundo na atualidade. Sua carreira merece ser acompanhada com atenção. Para se ter um exemplo de seu gênio, foi ele quem mudou radicalmente a imagem da fabulosa Helena Bonham Carter, que antes de trabalhar com ele só fazia papéis de época em produções inglesas e depois tornou-se uma atriz bem mais versátil e ainda mais talentosa. Não, ainda não vou escrever sobre Clube da Luta, para mim o melhor filme realizado nas últimas três décadas. Sua enorme importância transcende o espaço que poderia dedicar no presente texto. Outro dia eu entro em minúcias a respeito de Clube da Luta. Fincher é um cineasta que consegue imprimir um vigor impressionante em suas narrativas e, com um incrível apuro visual, contar histórias com imagens poderosas. Em Seven – Os Sete Crimes Capitais, todo mundo já sabe, o diretor pegou um roteiro escrito por um ex-atendente de locadora, e o transformou num clássico do cinema moderno. Inteligente, intrigante e espetacular (só para complementar, se Seven foi escrito por um reles desconhecido, Clube da Luta era baseado em uma história escrita por um ex-mecânico, que por causa da adaptação magistral de Fincher acabou por se transformar numa celebridade literária, um escritor respeitado em todo mundo). Porém pouca gente conhece o engenhoso Vidas em Jogo, que seria mais um filminho de suspense se a varinha mágica do diretor não o transformasse numa obra tão esperta e emocionante. É sobre um milionário entediado que aceita participar de um estranho jogo para conseguir um pouco de emoção e acaba de verdade ficando sem nenhum tostão, tendo que se virar sozinho. Um filme que merece ser conferido. Outro suspense do diretor é O Quarto do Pânico, o filme posterior a Clube da Luta. Pela sinopse desse filme, parece que o diretor quis só se divertir após o esforço em criar sua obra-prima maior. È sobre uma mãe e filha trancadas em um quarto numa casa invadida por assaltantes. Um dos temas mais manjados no cinema, uma história batida e contada milhões de vezes. Como Fincher conseguiu transformar uma história dessas num filmaço? O Quarto do Pânico permanece um filme subestimado, confundido como um suspensezinho qualquer, mesmo com o sufocante clima engendrado pelo cineasta, com a originalidade sabe-se lá como imprimida ao filme. Dentro de sua textura de filme comercial, esconde-se um latente clima amargo na história de uma mãe sem sorte sozinha com sua filha diabética e, principalmente, nos assaltantes fracassados que não reconhecem que jamais sairiam dali com a fortuna que almejavam. O filme remete à Edgar Alan Poe, que escreveu histórias sobre pessoas praticamente enterradas vivas, mas aqui a grande estrela é a câmara do cineasta. Se o filme é surpreendente do inicio ao fim, pouca gente notou que sua cena final remete (bela homenagem) ao clássico O Tesouro de Sierra Madre, com o ouro espalhado pelo vento. A impressão inicial que se tem com esse filme é que Fincher queria um sucesso comercial. Não conseguiu. Num tempo em que Quentin Tarantino é cult por ser pop, Fincher está acima de todos os rótulos.
Parece que Fincher padece do “mal de Orson Welles”. Mesmo com todo o talento sofre com os insucessos de bilheterias de seus filmes, que depois de Seven, só deram prejuízo. Pelo menos nenhum produtor metido a besta põe a mão em seus filmes para remontá-los. O cineasta não deixa. Porém, infelizmente ele ficou seis anos sem poder lançar um filme novo. A Warner custou para liberar os milhões necessários para a adaptação do conto de Fitzgerald, tendo que para isso o cineasta se comprometido a dirigir um suspense comercial para render bilheteria. Fincher dirigiu esse suspense por encomenda, Zodíaco, que está sendo lançado nesse momento nos EUA. Para variar, o filme foi ovacionado pela critica norte-americana, mas decepcionou os produtores com a fraca bilheteria do fim-de-semana de estréia. Não faz mal. O diretor prepara-se para filmar The Curious Case of Benjamin Button.

2 comentários:

Alexander/Estaine disse...

211453Cara , bem legal o blog . parabéns !! Também sou fã do David Fincher , e gostei muito do seu comentário sobre o cara . Porém , discordo que O Quarto Do Pânico seja um filmaço ...

Vlademir lazo Corrêa disse...

Obrigado, Alexander. Quanto à O Quarto do Pânico, parece ser apenas um filminho de suspense, no entanto carrega uma carga dramática muito grande, o que fez com que eu me empolgasse tanto ao assisti-lo...

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